AO MÉDICO OU AO BENZEDOR- PARTE 2

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AO MÉDICO OU AO BENZEDOR- PARTE 2

 

A ''difícil'' opção: Ao médico ou ao benzedor? ZFERZPLAS

- EB (Parte 2)

 

Completemos estas ponderações mediante algumas notas sobre

3. A força da sugestão

A palavra "sugestão" vem de sub-gerere e significa "levar, transportar alguma coisa para baixo ou sob..."; vem a ser uma insinuação ou também uma subordinação. Em psicologia, a sugestão ocorre quando se leva ao subconsciente de alguém uma idéia que irá abrindo caminho no consciente desse sujeito e poderá tornar-se uma persuasão ou convicção.

A sugestão pode permanecer sempre no subconsciente e, não obstante, exercer enorme influência sobre o comportamento do sujeito respectivo. Este, sem o saber, estará agindo sob a força de uma sugestão que lhe foi comunicada e que talvez, em primeira instância, ele tenha explicitamente rejeitado. Imagine-se, por exemplo, um amigo que diga a seu amigo: "Como você está mal!" Este, ouvindo tal juízo, protestará e afirmará o contrário.

Mas, aos poucos, poderá ir-se sentindo indisposto e crer que está padecendo de algum mal sério, mormente se em seu íntimo estiver predisposto a tanto. Importa notar que a idéia sugerida muitas vezes vai tomando vulto e mesmo lugar primacial na mente de alguém apesar da resistência que essa pessoa lhe queira opor.

De modo especial, o ser humano repele a idéia de ser vítima de alguma sugestão ou de não ser mais ele mesmo no seu modo de pensar ou agir; ora, apesar dessa repulsa espontânea, o poder da sugestão é imenso. São verídicas as palavras de Claude Bernard, principalmente quando se tem em vista o subconsciente: "O homem pode muito mais do que ele julga poder". Em questões de saúde e doença, a força da sugestão é notória. Com efeito. Sabe-se quão benéfico sobre um processo de recuperação da saúde é o otimismo do paciente; uma boa notícia comunicada a este pode logo desencadear melhoras fisiológicas.

Também são conhecidas os casos em que "remédios milagrosos" produziram efeitos altamente positivos em pacientes gravemente enfermos; tais remédios milagrosos, uma vez analisados, não revelaram nenhuma propriedade particular. Refere-se mesmo o adágio irônico: "É preciso apressar-se em tomar os remédios novos enquanto eles curam".

O Dr. Matthieux chegou a realizar uma experiência assaz cruel em seu sanatório de tuberculose. Anunciou aos enfermos que acabara de ser descoberto o antídoto da tuberculose, que os haveria de curar imediatamente. Depois de ter provocado e preparado os ânimos dos doentes durante um período de tempo razoável, o médico injetou-lhes, por dias seguidos, um pouco de água salgada, que ele chamava pelo nome mágico de antifimose. Então os pacientes obtiveram consideravelmente, os doentes começaram a sentir apetite devorador, que os fez subir de peso numa média de três quilos em poucos dias.

Infelizmente, porém, um dos enfermos percebeu que se tratava de um logro e que o médico nada tinha de especial para curá-los. Logo as melhoras nada tinha de especial para curá-los. Logo as melhoras cessaram e todos os sintomas da moléstia reapareceram em condições mais graves, porque os pacientes estavam desanimados. Pode-se fazer menção também dos cataplasmas que outrora eram aplicados com freqüência, obtendo, como se dizia, bons resultados.

A malícia dos comentadores afirma que tais efeitos positivos se devem ao fato de que cada cataplasma exigia meia-hora de preparação; durante essa meia-hora o doente tinha a oportunidade de ansiar pelo tratamento e de se compenetrar da eficácia do mesmo! Narra o Dr. Maurice Colinon em seu livro "Les Guérisseur", que, a título de experiência, se dedicou ele mesmo durante alguns meses à prática do magnetismo (espécie de curandeirismo pela aplicação das ondas magnéticas do curandeiro).

Aconteceu-lhe então o fato que o próprio Colinon assim descreve: "Em certa época, fiz-me curandeiro a título benévolo. Então muitas vezes ouvi meus pacientes descrever as sensações diversas que eles atribuíam ao meu "fluido" pessoal. Uns experimentavam brusco calor; outros, ao contrário, um "vento frio". Outros ainda sentiam "como que pequenas pontadas" (...). Se de fato existe fluido humano, é preciso reconhecer que as manifestações do meu fluido eram estranhamente dissemelhantes segundo os indivíduos que se beneficiavam dos seus efeitos! Mas será que o fluido existe mesmo ? Muitas vezes realizei uma experiência assaz significativa neste setor.

Todas as vezes que um paciente declarava "sentir nitidamente o meu fluido", eu afastava lentamente as minhas mãos do seu corpo e chegava a cruzá-las sobre as costas; não obstante, a pseudo-sensação não diminuía. A idéia de realizar esta prova veio-me depois que servi de assistente a um hipnotizador que fazia essa demonstração sobre o palco, sem ser jamais desmentido. Ele intencionava assim demonstrar que os seus clientes obedeciam a uma simples sugestão de palavras" (obra citada, p. 93). São estes alguns exemplos de como é influente a sugestão.

Quem tem consciência disto, compreende melhor certos fenômenos (mesmo curas) portentosas sem ter necessidade de recorrer ao Além para explicá-los. Podemos agora responder à pergunta inicial deste artigo:

4. (...) Só para ser curado?

É freqüente a pergunta: Será que um fiel católico não pode ir a um centro espírita ou a alguma assembléia de culto não católico só para tentar obter a cura de uma doença, sem tencionar aderir às crenças espíritas ou outras que inspiram tal culto?

Em resposta, observemos: - Deus não se torna mais presente aos homens pelo espiritismo ou por algum culto não cristão do que pelos sete sacramentos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo.

- Nem os anjos e santos se tornam mais presente num centro espírita ou no culto Sheiko-No-Iê.

- Os cultos não católicos oferecem a ocasião de orar pelos enfermos. Ora a prece não é específica nem exclusiva de assembléias espíritas ou "messiânicas"; ao contrário, é praticada também em assembléias católicas. É de notar que os grupos carismáticos ou grupos de oração no Espírito Santo constituídos por fiéis católicos, se interessam especialmente pela prece em favor dos enfermos, até mesmo com o gesto de imposição das mãos (no catolicismo, este gesto nada tem de mágico ou de eficaz por si mesmo, mas é um símbolo de oração e de transmissão da graça).

- O que os cultos não católicos oferecem em elevado grau, é uma ação psicoterapêutica, que os clientes costumam aproveitar em benefício da sua saúde. Sim; a ambientação, o ritual, as palavras de qualquer forma de curandeirismo religioso penetram fundo no consciente e no subconsciente dos respectivos pacientes.

Tal psicoterapia pode ser mais eficaz do que a de um profissional legitimamente estabelecido, pois o poder dos motivos religiosos é imenso. Todavia essa psicoterapia não atinge o fundo do problema do seu paciente; apenas o transfere. O cliente de um centro espírita, ainda que diga guardar a sua fé católica, torna-se dependente de um mundo imaginário e das forças (pessoais ou neutras) em nome das quais foi obtida a presumida cura.

O paciente sente-se, de então por diante, devedor a esta ou aquela entidade superior que, como lhe disseram, o livrou do mal e quer ser homenageada para continuar a livrá-lo de males. Por isto, em hipótese alguma se pode conceber que um fiel católico procure uma assembléia religiosa não católica para pedir curas.

Volte-se para Deus com amor e confiança, ciente de que Ele é Pai; recorra aos meios de salvação do corpo e da alma existentes na Igreja de Cristo. E não negligencie a psicoterapia, pois a fé não exclui os recursos da razão e do saber humano, mas, ao contrário, os recomenda e favorece.

- Além do mais, o recurso ao espiritismo ou à Igreja Messiânica vem a ser, ao menos indiretamente, a prática de um culto que não se coaduna em absoluto com as concepções da fé católica; isto é intolerável aos olhos de um autêntico discípulo de Cristo.