COMPAIXÃO

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COMPAIXÃO

COMP

Todos falam em compaixão, mas poucos sabem o que exatamente significa esse sentimento ou essa virtude.

Sim, porque compadecer-se é um sentimento, mas também uma grande virtude que deve ser a princípio compreendida, e em seguida aprendida pela maioria de nós.

A compaixão se distingue claramente do amor e da generosidade, porque compadecer-se é sofrer junto de alguém, e nenhum de nós, como já mencionei em outras matérias, gosta de sofrer. Por esse motivo, poucos têm essa virtude, e, pior que isso, poucos têm a vontade de desenvolvê-la em si. Nossa sociedade é mestra na criação de seres duros, egoístas, frios, materialistas, insensíveis.

Você já parou para refletir sobre como algumas exigências sociais nos impedem de desenvolver algumas de nossas melhores qualidades ou virtudes?

Pois pare por um momento e reflita sobre o que e qual ambiente ou pessoa impede você de desenvolver-se e tornar-se uma pessoa melhor do que é. Sim, porque sempre existe alguém ou alguma coisa que impede nosso crescimento. A partir dessa reflexão poderemos entender muitas coisas sobre nós mesmos, como nossa submissão a certos valores, certos julgamentos que, de alguma forma, ainda impregnam nossa alma. Mas sempre é tempo de mudar.

Quando nos compadecemos na dor de outro, quando somos compassivos com o outro, algo de inusitado acontece dentro e fora de nós. Digo sempre dentro e fora, porque não acredito na separatividade. O dentro existe apenas porque existe o fora, e assim como todos os opostos, que inevitavelmente são complementares.

A compaixão é a simpatia com a dor do outro, é o sofrimento compartilhado, independente do valor do sentimento, pois compadecer-se é isentar-se de julgamentos.

Mas todo sofrimento merece compaixão?

O tirano que perdeu a guerra, o invejoso que sofre por cobiça, o assassino que sofre de arrependimento, todos merecem nossa compaixão?

A compaixão deve ter como princípio a ausência do julgamento. Mas quantos de nós conseguem compadecer-se, ausentar-se desse julgamento?

Mas afinal, a crueldade merece nossa compaixão?

Por óbvio que não!

Compartilhar o mal nunca será compaixão, mas participar da dor e do sofrimento da vítima é compadecer-se por ela. Compaixão e misericórdia são sentimentos que se misturam. Quando temos compaixão, nos sentimos mais humanos, pois enxergamos nosso semelhante como humanos, ou seja, como nós mesmos.

A dor de nosso semelhante é como a nossa dor, seu sofrimento é nosso sofrimento, e essa forma de viver e se relacionar nos leva à misericórdia e consequentemente à elevação. Quanto ao tirano, por óbvio que não compartilharemos de seu prazer ou frustração em causar o mal, mas podemos compadecer-nos de sua loucura e sofrimento diante da culpa, quando esta existir. É preciso não confundir compaixão com piedade, pois esta é apenas a tristeza que sentimos diante da dor e sofrimento alheios, o que é diferente da compaixão.

É um acúmulo de tristezas sobre tristezas. A piedade, na verdade, não passa de projeção dos nossos próprios sofrimentos de identificação, que é completamente diferente da compaixão. Mas de alguma forma, acredito ser um princípio, um começo, uma forma ainda insipiente de compaixão.

Como dizia Spinoza, ..."a compaixão é o amor enquanto afeta o homem de tal sorte que ele se regozije com a felicidade de outrem e se entristeça com seu infortúnio". Mas acredito que a compaixão esteja mais relacionada com o infortúnio do que com a felicidade, se bem que a felicidade do outro muitas vezes gera inveja, não é mesmo?

Este assunto também vale uma reflexão.

COMPREE

Acredito que a grande e fundamental diferença entre piedade e compaixão é que piedade está mais relacionada à tristeza, e compaixão ao amor, mas um amor entristecido, e também à misericórdia. Mas compaixão está também relacionada à caridade que não deve somente ser pensada e sentida por conseqüência da desgraça alheia, mas todo o tempo.

A compaixão é opositora da crueldade e do egoísmo, portanto quem cultiva algum desses sentimentos impede seu desenvolvimento. A compaixão nos eleva e nos leva ao desenvolvimento de qualidades humanas inigualáveis, atingimos o mais alto do verdadeiro sentido do que é ser humano, nossa mais elevada humanidade.

A compaixão é isenta de preconceitos, de julgamentos, é absolutamente universal, a mais universal de todas as virtudes. Acredito que São Francisco de Assis seja o maior e mais nobre representante dessa virtude. 

Um ser carente de compaixão é um ser menos humano que a maioria. Vale lembrar que a compaixão é, antes de tudo um sinal de sensibilidade, uma aversão ao sofrimento alheio, um ardor pelo bem estar e felicidade de todo o mundo.

Ser compassivo, é estar em comunhão com o sofrimento.

Diz o ditado:

"Faz teu bem com o menor mal possível a outrem".

Vale refletir sobre a compaixão e sobre todas as maneiras de desenvolvê-la.