PROVÉRBIOS SOBRE ASSUNTOS DIVERSOS

PROVÉRBIOS SOBRE ASSUNTOS DIVERSOS

CDWSD

Ao dinheiro

» A quem é rico não faltam parentes. » Onde há dinheiro, há amigos. » Com dinheiro à vista, toda a gente é benquista. » Quanto tens, quanto vales. Nada tens, nada vales. » Quem dinheiro tiver fará o que quiser. » Ladrão endinheirado não morre enforcado. » Ladrão endinheirado passa por honrado. » Ninguém morre enforcado, com a bolsa ao pescoço. » Onde o dinheiro fala, a língua cala. » Nada mais eloquente que uma bolsa quente. » Riqueza e santidade: metade de metade. » O dinheiro mal ganhado, agia o deu, água o levou. » Dinheiros de sacristão, cantando vêm, cantando vão. » Bolsa rota: dinheiro à solta. » Não metas dinheiro em saco, sem ver se tem buraco. » Bolsa vazia afugenta os amigos. » Guarda o teu dinheiro para o mau tempo. » Amor sem dinheiro não é bom companheiro. » Quem pouco ganha e muito gasta, ou herdou ou roubou. » Quem muito gasta e pouco tem, a pedir vem. » Quem gasta mais do que tem, a pedir vem. » Quem não poupa reais, não junta cabedais. » Quem muitos filhos tem, não aveza vintém. » Quem nasce para vintém, não chega a pataco. » Quem paga o que deve, sabe quanto lhe fica. » Arrenego de contas com parentes e de dívidas com ausentes.

 

À casa

» Boa fogueira é boa matança. » Boa casa: boa brasa. » Muito pode a velha para sua casa. » Nunca faltou casa ao vivo nem cova ao morto. » Casa quanta baste, terra quanta vires. » É fácil governar a casa dos outros. » Em casa do Gonçalo, manda mais a galinha do que o galo. » Em casa do Varão, manda ele e ela não. » Em casa do Varela, manda ele e manda ela. » Em casa do Varunca, manda ela e ele nunca. » Três luzes a arder deitam a casa a perder. » Casa roubada: trancas à porta. » Casa que não é ralhada não é bem governada. » Minha casinha: meu lar. » Quem fez a casa na praça e muito se aventurou: uns dizem que é pequena, outros que de alta passou. » Casa sem cão nem gato: casa de velhaco. » Casa com duas portas é má de guardar. » Casa com lar, e mulher a fiar. » Casa, onde não entra o sol, entra o médico. » Em casa cheia, depressa se prepara a ceia. » Casa, onde não há farinha, tudo é moinha. » Casa, onde não há pão, todos ralham, ninguém tem razão. » Em sua casa, manda o carvoeiro e o galo no poleiro. » Nem em tua casa galego, nem à tua porta fidalgo. » Nem casa, em lugar sombrio, nem horta, ao pé do rio. » Quem em casa alheia come janta e ceia com fome.

 

À religião

» A quem Deus quer bem, ao rosto lhe vem. » A quem Deus quer bem, água da fonte é mezinha. » A quem nada tem, Deus o mantém. » A quem se muda, Deus o ajuda. » Vale mais quem Deus ajuda do que quem muito madruga. » A quem não fala, não ouve Deus. » Quem com Deus anda, Deus lhe alumia. » Quem erra e se emenda a Deus se encomenda. » De hora a hora, Deus melhora. » Deus nos faça ricos com o que temos. » Deus nos livre de bocas abertas e de coisas que não são certas. » Quem é tolo pede a Deus que o mate e ao diabo que o leve. » Telha de igreja sempre goteja. » O futuro a Deus pertence. » Quem dá aos pobres empresta a Deus. » Quem é pequeno nem para ver as horas serve. » Deus escreve direito por linhas tortas. » Deus se manifestará e tudo medrará. » Deus dá as nozes mas não as parte. » Deus dá o pão, mas não amassa a farinha. » Deus dá a farinha e o diabo fecha o saco. » Deus ajuda quem trabalha: é capital que não falha. » Põe mão, que Deus te ajudará. » Deus é bom trabalhador mas gosta que O ajudem. » Ao menino e ao borracho põe Deus o dedo por baixo. » Deus dá o frio consoante a roupa. » Deus tem mais para dar do que o diabo para tirar. » Gasta e dá, que Deus mandará. » Para hoje, há; para amanhã, Deus dará. » Deus dá a barba a uns e a vergonha a outros. » Deus te dê o bem e a casa em que o tenhas. » Quem dá, com Deus se parece.

 

Às aves e outros animais

 

» A abelha conhece quem a trata vem; e, farta, não ferra ninguém. » Uma andorinha não faz a Primavera. » Boi velho: rego direito. » Borboleta branca: Primavera franca. » Burro velho: albarda nova. » Quem assobia não guarda cabras. » Cão que ladra não morde. » Um carneiro não turra só. » Cavalo que voa não quer espora. » No dia de S. Brás, cegonhas verás. » Cobra que quer morrer, à estrada vem ter. » Diz a cotovia: pôs-se o Sol, findou-se o dia. Diz o pardal: por mais um pouco, não fiques mal. » Segue a formiga se queres viver sem fadiga. » Gaivotas em terra: tempestade no mar. » Galo que a desoras canta: faca na garanta. » A galinha que canta é a dona dos ovos. » Gato com luvas não caça ratos. » Quando ao gavião cai pena, não há mal que lhe não venha. » Onde nasce a lagarta, aí se farta. » Entrada de leão, saída de cão. » A lebre, em Janeiro, está na cama ou no lameiro. » Leitão de mês, cabrito de três. » Lobo não come lobo. » Macaco velho não põe pé em ramo seco. » Quando cantam os melros, calam-se os pardais. » Cada mocho, em seu souto. » Ovelha ruiva, como faz, cuida. » Papagaio velho não aprende a falar. » O primeiro milho é dos pardais. » Pássaro que na ribeira se cria sempre por ela pia. » Casa feita, pega morta. » Perdiz derreada perdigotos guarda. » Porcos e gado de bico não fazem o dono rico. » Quem dorme quente pulgas não sente. » A raposa tem sete manhas. » Rato que só tem um buraco depressa é apanhado. » À rola e ao pardal não engana o temporal. » Quando o sapo salta, a chuva não falta.

 

Aos números

 

» Quem não se escarmenta de uma vez não se emenda de três. » Vale mais um é que duas muletas. » Vale mais um farto do que dois famintos. » Vale mais um pássaro na mão do que dois a voar. » Vale mais um toma do que dois te darei. » A dois ruins e dois tições nunca bem os campeões. » Vale mais ter duas pernas do que três andas. » A duas palavras, três pancadas. » Não duas sem três. » Três é a conta que Deus fez. » Às três, é de vez. » Às três, faz mezinha. » A sebe dura três anos; o cão, três sebes; o cavalo, três cães; o homem, três cavalos; o corvo, três homens; e o elefante, três corvos. » Três irmãos: três fortalezas. » Quem ganha três e gasta quatro não precisa de bolsa ou saco. » Quem nasce para quatro não chega a cinco. » Quem tem cinco trunfos e não trunfa não será bom jogador nunca. » É todo cheio de nove horas. » Está entre as dez e as onze. » Perdido por dez, perdido por cem. » Está metido numa camisa de onze varas. » Tanto faz dezoito como dúzia e meia. » Deu no vinte. » Aos vinte, cabeça oca: aos trinta, riqueza pouca. » Quem aos vinte não quiser e aos vinte e cinco não tiver, aos trinta, venha quem vier. » Quem aos vinte não barba, aos trinta não casa.

 

À justiça

 

» Do foro, nem um ovo. » Oração dos advogados: Deus desavenha quem nos mantenha. » Vale a lei o que quer o rei. » Para o povo é a lei, não para o rei. » Lá vão as leis para onde querem os reis. » Mais vale ruim composição que boa demanda. » Não há melhor prova de delito do que papel escrito. » Se matares um perdigão, mostra-o ao Juiz, dá-o ao escrivão. » Prendeu-me o alcaide, solta-me o meirinho. » Quem traz demanda com o demo anda. » Quem demanda tiver não dorme quando quer. » A justiça tem sete mangas e um manguito. » A justiça tem sete mangas e cada manga tem sete manhas. » A justiça a todos guarda, mas ninguém a quer em casa. » Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz. » Juiz de aldeia, um ano no mando, outro na cadeia. » Juiz bondoso faz o povo maldoso. » Deus me livre de justiças novas e chaminés velhas. » Para homem honrado não há mau juiz.

 

À previsão do tempo (1)

 

» A Lua, quando pinta, quinta; e, se ao sexto não despinta, vai até aos trinta. » A Lua, como pinta, trinta. » Circo na Lua: chuva na rua. » Lua, com circo ao largo: chuva ao perto. » Lua deitada: marinheiro em pé. » Lua inclinada não leva nada. » Lua nova trovejada trinta dias é molhada. » Lua nova trovejada trinta dias é molhada; e, se venta, noventa. » Lua nova trovejada ou vem seca ou vem molhada. » Carnaval na rua: Páscoa em casa. » Páscoa a assoalhar: Natal atrás do lar. » Natal à lareira: Páscoa na soalheira. » Natal em casa: Páscoa na praça. » Se a Senhora das Candeias rir, está o Inverno para vir. » Se a Senhora das Candeias chora, está o Inverno fora. » Se a Senhora das Candeias ri e chora, está o Inverno meio dentro e meio fora. » Março chuvoso: S. João farinhoso. » O Agosto será gaiteiro, se for bom o Janeiro. » Aberta para Castela: chuva como terra. » Arco da velha por água espera. »»

 

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À previsão do tempo (2)

 

» Quando o vento vem do mar, na noite de S. João, não há verão. » Quando o sapo salta, a chuva não falta. » Céu pardacento: ou chuva ou vento. » Céu às cavadelas: chuva às gabelas. » Aurora ruiva: vento ou chuiva. » Ao meio-dia, ou carrega ou alivia. » Rigor da noite: chuva de manhã. » Rigor de nascente: chuva de repente. » Gaivotas em terra: tempestade no mar. » Em ano de nozes, guarda lenha para o Inverno. » Geada na lama: chuva reclama. » Geada na lama: chuva na cama. » Primeiro dia de Janeiro: primeiro dia de verão. » Ao quinto dia, verás o mês que terás. » Arco-íris na serra: tira os bois e lavra a terra. » Boa noite, após mau tempo, traz chuva e vento. » Sol que muito madruga pouco dura. » Manhã de névoa: tarde de sesta. » Vento de leste não traz nada que preste. » Vento suão: chuva na mão. » Vento suão molha no Inverno, seca no verão. »»

 

Provérbios - Meses do ano

 

«Em Janeiro, gear.

Em Fevereiro, chover.

Em Março, encanar.

Em Abril, espigar.

Em Maio, engrãodecer.

Em Junho, ceifar. Em Julho, debulhar.

Em Agosto, engavelar.

Em Setembro, vindimar.

Em Outubro, revolver.

Em Novembro, semear.

Em Dezembro, nascer. Também nele nasceu Deus Quando nos veio salvar.»

 

(1) «Quatro coisas há no mundo Que nunca lhe faltarão: As trovoadas em Maio, A névoa de S. João, O Verão de S. Martinho, Tempestade em S. Simão.»

 

(1) Janeiro

» Janeiro: geeiro. » Em Janeiro, sobe ao outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar. » Janeiro molhado não é bom para o pão, mas é bom para o gado. » Janeiro frio e molhado enche a tulha e farta o gado. » Em Janeiro, sete casacos e um sombreiro. » Em Janeiro, seca a ovelha no fumeiro. » Em Janeiro, cada pinga mata seu grãeiro. » Trovão em Janeiro: nem bom canastro nem bom palheiro. » Se o Janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas. » Luar de Janeiro não tem parceiro, mas o de Agosto dá-lhe no rosto.

 

Fevereiro

» Fevereiro: rego cheio. » Fevereiro enxuto rói mais que todos os ratos do mundo. » Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro. » Chuva de Fevereiro mata o onzeneiro. » Água de Fevereiro enche o celeiro. » Em Fevereiro, chuva; em Agosto, uva. » Em Fevereiro, chega-te ao lameiro. » Fevereiro afoga a mãe no ribeiro. » Ao Fevereiro e ao rapaz perdoa tudo o que faz, se o Fevereiro não for secalhão e o rapaz não for ladrão. » Neve em Fevereiro não faz bom celeiro.

 

Março

» Páscoa em Março: ou fome ou mortaço. » Enxame de Março apanha-o no regaço. » Março zangado é pior que o diabo. » Março, marçagão, de manhã cara de rainha, de tarde corta com a foucinha. » Em Março, onde quer passo. » Em Março, tanto durmo como faço. » Março liga a noite com o dia, o Manel co'a Maria, o pão com o pato e a erva com o sargaço. » Nasce a erva em Março, ainda que lhe dêem com o maço. » Sol de Março queima a dama no paço. » Em Março, chove cada dia um pedaço.

 

Abril

 

» Em Abril, mau é descobrir. » Abril: águas mil, quantas mais puderem vir. » Em Abril, águas mil, coadas por um mandil. » A água que no Verão há-de regar em Abril e Maio há-de ficar. » Abril molhado, ano abastado. » Se não chove em Abril, perde o lavrador couro e quadril. » Seca de Abril deixa o lavrador a pedir. » Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado. » Abril frio: pão e vinho. » Em Abril, queimou a velha o carro e o carril; e uma cambada que ficou em Maio a queimou.

 

Maio

 

» Maio hortelão: muita palha e pouco grão. » Maio couveiro não é vinhateiro. » Maio pardo faz o ano farto. » Maio pardo e ventoso faz o ano farto e formoso. » Maio pardo e Junho claro podem mais que os bois e o carro. » Fraco é o Maio se o boi não bebe na pegada. » Fraco é o Maio que não rompe uma croça. » Guarda para Maio o teu melhor saio. » Em Maio, comem-se as cerejas ao borralho. » Em Maio, nem à porta saio.

 

Junho

 

» Junho calmoso: ano formoso. » Junho floreiro: paraíso verdadeiro. » Sol de Junho amadura tudo. » Chuva de Junho: peçonha do mundo. » Chuva de Junho: mordedura de víbora. » Chuva junhal: fome geral. » Junho chuvoso: ano perigoso. » Enxame de Junho nem que seja como punho. » Em Junho, foice no punho. » Em Junho, perdigotos como punho. » Feno, alto ou minguado, em Junho é segado.

 

Julho

 

» Julho quente, seco e ventoso: trabalha sem repouso. » Em Julho, prepara o vasculho. » Em Julho, ceifa o trigo e faz o debulho. E, em o vento soprando, vai-o limpando. » Em Julho, reina o gorgulho. » Não há maior amigo do que Julho com seu trigo. » Por todo o mês de Julho, o meu celeiro entulho. » Julho abafadiço: abelhas no cortiço. » Chuva de Julho que não faça barulho. » Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover.

 

Agosto

 

» Agosto nos farta, Agosto nos mata. » Quem em Agosto ara, riqueza prepara. » Quem não debulha em Agosto debulha com mau gosto. » Quem malha em Agosto malha contra gosto. » Chuva em Agosto enche o tonel de mosto. » Chuva em Agosto: açafrão, mel e mosto. » Quando chove em Agosto, chove mel e mosto. » Agosto amadurece, Setembro vindimece. » Agosto tem culpa se Setembro leva a fruta. » Em Agosto, toda a fruta tem gosto. » Temporã é a castanha que em Agosto arreganha. » Seja o ano que for, Agosto quer calor. » Se queres o teu homem morto, dá-lhe couves em Agosto. » Em Agosto, ardem os montes; em Setembro, secam as fontes. » Nem em Agosto passear nem em Dezembro marcar. » Em Agosto, candeeiro posto. » Em Agosto, frio no rosto.

 

Setembro

 

» Setembro: mês dos figos e cara de poucos amigos. » Setembro molhado: figo estragado. » No pó, semearás; em Setembro colherás. » Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes. » Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes. » Lua nova setembrina sete luas determina. » Setembro é o Maio do Outono.

 

Outubro

 

» Outubro quente traz o diabo no ventre. » Outubro suão: negaças de Verão. » Logo que Outubro venha, prepara a lenha. » Outubro meio chuvoso faz o lavrador venturoso. » Em Outubro, o sisudo colhe tudo. » Em Outubro, sê prudente: guarda pão e semente. » Em Outubro, pega tudo. » A árvore plantada no Outono tem um ano de abono. » Se Outubro for erveiro, guarda para Março o palheiro.

 

Novembro

 

» Em Novembro, prova o vinho e semeia o cebolinho. » Se em Novembro houver trovão, o ano seguinte serão bão. » Cava em Novembro e planta em Janeiro.

 

Dezembro

 

» Em Dezembro, treme de frio cada membro. » Em Dezembro, lenha no lar e pichel a andar. » Em Dezembro, descansar, para em Janeiro trabalhar.